Matéria-Prima: o Caminho do Bambu

Você já parou para observar a beleza e a simplicidade do bambu? Essa planta fascinante tem muito a nos ensinar sobre como viver uma vida melhor. Se você está em busca de serenidade e equilíbrio, o caminho do bambu pode ser a resposta para transformar a sua vida. Descubra a essência dessa planta incrível e aprenda como aplicar seus ensinamentos no cotidiano.

Uma das características mais notáveis ​​do bambu é a sua flexibilidade. Mesmo enfrentando ventos fortes, o bambu se curva sem quebrar, mostrando-nos a importância de sermos flexíveis diante dos desafios da vida. Ao adotar essa mentalidade flexível, podemos nos adaptar às mudanças e encontrar soluções criativas para os problemas que surgem em nosso caminho. Aprenda com o bambu a ser resiliente, a se dobrar em vez de quebrar, e você descobrirá que pode enfrentar qualquer tempestade com serenidade e equilíbrio.

O bambu é uma planta que cresce lentamente. No entanto, sua paciência é recompensada com um crescimento rápido e vigoroso quando as condições são favoráveis. Assim como o bambu, devemos aprender a cultivar a paciência em nossas vidas. Não podemos apressar o processo de crescimento e transformação pessoal. É preciso paciência para desenvolver habilidades, alcançar metas e encontrar a verdadeira paz interior. Ao abraçar a paciência, você aprenderá a viver o momento presente e a apreciar cada etapa do seu caminho.

O bambu nos ensina a importância de termos raízes fortes e profundas. Sem uma base sólida, não podemos sustentar o crescimento e o equilíbrio em nossas vidas. Ao mesmo tempo, devemos ser flexíveis e adaptáveis ​​como os ramos do bambu. A vida está em constante mudança, e é essencial que possamos nos ajustar às circunstâncias sem perder nossa essência. Encontre o equilíbrio entre a estabilidade e a flexibilidade, e você descobrirá o poder de viver uma vida zen e consciente.

Talvez a mais importante lição do bambu seja o seu interior, o espaço vazio entre um nó e outro, que deixa-o leve sem comprometer sua resistência. Da mesma forma, se pudermos manter entre um nó e outro, toda nossa atenção no espaço aparentemente vazio, naturalmente entraremos num estado de leveza, paz e contentamento, os nós podem ser sentimentos, pensamentos, memórias, emoções, imaginações, etc. Uma mente agitada só percebe os nós e a superfície, não percebe o espaço que a tudo contempla. O Bambu nos convida a acalmar a atividade mental esvaziando-se para aumentar o espaço entre um nó e outro, entre um pensamento e outro.

O bambu é um recurso renovável notável. É um material que por séculos tem sido e continua a ser usado por mais da metade da população mundial para aplicações tão variadas como alimentos, abrigos, combustíveis e roupas. Essas aplicações tornam o bambu um recurso vital não-madeireiro, não petrolífero. Com uma resistência à tração superior ao aço, é um dos recursos naturais mais versáteis e duráveis ​​do mundo.

O Bambu é sustentável! e desempenha um papel importante na redução do consumo de madeira, proteção ambiental e florestal, alívio da pobreza e desenvolvimento sustentável das economias rurais. É o dossel de crescimento mais rápido para o reflorestamento de terras degradadas e libera 35% a mais de oxigênio do que os suportes de madeira equivalentes.

O Bambu é altamente renovável. É uma das plantas de crescimento mais rápido da Terra. O bambu não precisa de replantação, cresce sem fertilizantes ou pesticidas e é colhido de suportes controlados com um incrível ciclo de crescimento de três a cinco anos. O bambu não é uma madeira, mas uma espécie de grama. O bambu oferece benefícios econômicos e ecológicos vitais para a vida de milhões de pessoas em todo o mundo; fornecendo alimentos, combustível, habitação, mobiliário, produtos artesanais e conservação de solo e água.

• Um recurso duradouro, de crescimento rápido e verdadeiramente renovável, não precisa de replantação.
• Uma substituição viável e de alto rendimento para produtos à base de madeira e petróleo.
• Importantes benefícios econômicos e ecológicos, incluindo conservação de solo e água, empregos, inúmeras aplicações de produtos e alimentos e mais de 1000 usos documentados.
• Ciclo de crescimento surpreendentemente curto, pode ser colhido em 3-5 anos versus 15-20, típico de muitas madeiras duras.
• A planta de crescimento mais rápido do planeta, algumas espécies podem crescer até 1 metro ou 3 pés por dia.
• Um elemento crítico no equilíbrio de oxigênio e dióxido de carbono na atmosfera.
• Um recurso alternativo renovável para a produção agro-florestal.
• Os brotos de bambu fornecem uma fonte nutricional de alimentos que podem ser transformados em pão, bolos e biscoitos.
• Redução ecológica da pressão sobre as florestas através da substituição da madeira.
• Os produtos podem ser feitos em ambientes rurais, reduzindo os impactos industriais e de urbanização.
• O bambu é durável, resistente e forte.

A matéria-prima utilizada para fazer as flautas nativas variava de acordo com as regiões. Haviam flautas feitas de osso, cerâmica, talo de yucca (uma espécie de agave), bambu ou cana e madeira. Atualmente é difundido em maior escala, as flautas de madeira, devido à facilidade de padronizar os processos de produção com máquinas. Nós priorizamos a produção artesanal em bambu, por vários motivos, o primeiro deles é que cada flauta é única, possui uma personalidade, timbre e voz que vai depender do bambu escolhido e suas características, então o artesão precisa se adaptar ao material. Todas as culturas nativas que possuíam geograficamente acesso a variedades de canas e bambus, os utilizaram para criar suas flautas, como o Xiao na China, a Shakuhachi no Japão, a Bansuri da Índia, a Ney no Egito, Irã e Turquia, a Quena nos países Andinos, e flauta nativa americana. O bambu é um vegetal sustentável, cresce muito rápido, possui alta resistência, e com ele o processo de produção exige pouca interferência de máquinas. No reino Vegetal, o bambu pertence a família de gramas e matos que segundo os nativos são os cabelos da Mãe Terra, é um “Povo Doador” por excelência, e sua estrutura e anatomia são ideais para essa criação, o bambu é um presente da natureza.

As flautas de bambu transportam muitos significados e energias, e uma delas é a relação íntima com o elemento Água. O bambu bombeia muita água para subir em direção ao sol. Algumas histórias de origem de flautas nativas ameríndias do Sul estão relacionadas com espíritos das águas, rios e peixes. Já as histórias e simbologias rituais de ameríndios do Norte relacionam as flautas a rituais de invocação dos “Seres Trovão” para trazer chuvas. Da mesma forma, quando tocamos as flautas nativas, sentimos um movimentar dentro de nós que está relacionado às emoções – aspecto humano relacionado ao elemento água.

A flauta de cana do rio (River Cane Flute) é um instrumento vital na cultura e nas cerimônias dos povos que viveram nas margens dos rios Colorado e Gila, como os Navajo, Hopi, Hualapai, entre outros. Em alguns mitos de origem desses povos, um longo cano de bambu foi usado para furar e permitir a passagem de seres do mundo subterrâneo para o mundo da superfície onde vivemos. Os Hopi, até os dias atuais, preservam rituais onde toca o Clã das Flautas. 

Nós trabalhamos com algumas espécies em função do tipo de flauta e necessidade específica. Nosso bambu é colhido com respeito, nos períodos adequados, é secado no tempo ideal e tratado da melhor forma para garantir sua resistência e boa acústica. A correta manutenção e cuidados do flautista, também vai garantir a durabilidade e qualidade deste instrumento sagrado.

A Flauta Breckenridge

A flauta Breckenridge. Foto de Leslie Walker, Arkansas Archeological Survey, cortesia da The University of Arkansas Museum Collections.

O exemplo conhecido mais antigo de uma flauta nativa americana foi encontrado no noroeste do Arkansas. Na década de 1930, Samuel Dellinger , curador do Museu da Universidade do Arkansas , enviou equipes para escavar em vários locais pré-históricos de abrigo em falésias no planalto de Ozark. O Planalto de Ozark, localizado no atual sudeste dos Estados Unidos, era o lar dos nativos americanos já em 10.000 AC até o início dos anos 1800. Essas escavações desenterraram muitos artefatos importantes e, devido às condições extremamente secas em muitos desses abrigos, as escadas, como a cestaria , as sandálias e os restos de plantas, foram preservadas e coletadas. Entre esses artefatos estava um pequeno pedaço de bambu com furos perfurados em seu eixo.

Um detalhe fotográfico que mostra a flauta Breckenridge em contexto durante as escavações de 1933. Foto do museu da Universidade do Arkansas.

Esses artefatos ainda são curados nas coleções do Museu da Universidade do Arkansas. No entanto, o pedaço de bambu (river cane) perfurada passou despercebido por quase 80 anos entre os milhares de espécimes das coleções de 1930 de Dellinger. Em 2011, no Arkansas Archeological Society o voluntário Jim Rees identificou-o como uma flauta. Esta flauta, recuperada do abrigo de Breckenridge no condado de Carroll, é uma flauta de duto de duas câmaras de cana de rio (bambu). Esta é a variedade de flauta conhecida hoje como a “Flauta americana nativa“. É mais complicado do que um duto ou apito simples, que só produz uma nota, ou uma forma mais simples de flauta que tem apenas uma câmara e exige que o tocador sopre no topo da abertura. Os apitos e as flautas simples são tocados da maneira que você soprava sobre a abertura de um bocal para produzir um som. As flautas como a flauta Breckenridge são mais complexas. Você sopra diretamente em uma câmara e o ar é canalizado sobre uma abertura em uma segunda câmara que produz um som.

As datas do radiocarbono colocam a flauta entre cerca de 900 e 1000 anos. Isso torna a flauta mais antiga do gênero encontrada na América do Norte até agora.

 

O caminho do bambu é uma jornada de autodescoberta. Ao adotar os ensinamentos dessa planta maravilhosa, podemos encontrar a serenidade e o equilíbrio que buscamos. Seja flexível, cultive a paciência, fortaleça suas raízes e mantenha a mente leve e serena ao colocar sua atenção no espaço entre os nós.

Imagine o som da flauta de bambu?

Ao tocar uma flauta de bambu, todas estas percepções são experimentadas.